A bola, o beijo e o alfinete
Já me chamaram várias vezes para ajudar a fazer uma festa de aniversário, mas a parte que mais odeio é a de encher bolas, pior ainda se for da cor cinza, igual a cor do céu dessa sexta-feira dia 31 de dezembro de 2010.
A textura áspera e o gosto seco do plástico que tocamos com a boca para fazer a bola crescer e tomar forma dá uma sensação muito ruim.
De todos os nossos sentidos nunca havia parado para pensar sobre a boca. A boca deveria ser considerada algo sagrado, pois tem um poder sobrenatural de identificar coisas que a cabeça ainda nem percebeu! Pessoas descobrem o amor de sua vida somente com um beijo. Enganamos as pessoas, com palavras, gestos, mas com o beijo nunca se engana. Da mesma maneira que percebemos a profundeza de um beijo nunca conseguiremos passar emoção/sentimento, através de um beijo, para outra pessoa se não existir sentimento.
Se colocarmos a boca em algo azedo o nosso corpo todo responde na hora, se recebe um beijo falso, na hora você percebe a falsidade daquele sentimento que estão tentando lhe passar.
Mesmo tendo um gosto ruim inflamos a bola com toda força, depositamos naquela bola todo nosso ar, toda a nossa vitalidade até o momento onde ela tomou a sua forma, ar esse tão importante que sempre é lembrado em orações como essa: “obrigado Senhor pelo ar que respiro”. Em Genesis na criação do homem Deus criou o Homem do pó da terra e soprou o seu “fôlego da vida” em nossas vidas.
Sempre enchi bolas e não sabia dar o nó, então o que acontecia? A bola esvaziava rápido!
Nesse ano enchi uma bola com o melhor ar que eu podia ceder, sei que nem sempre consegui, mas tenho a certeza que fiz o meu melhor! Até aprendi até a dar o nó, mas aos 45 minutos do segundo tempo a bola foi estourada por um alfinete e o pior de tudo é que esse alfinete estava em minha posse... O barulho de bola estourando é tão ensurdecedor, que entra por dentro de você, passando pela sua alma de tal forma que depois que acaba você sente um silêncio tão profundo, que parece até um silencio um silêncio de solidão.
Hoje estou sem ar, sem ar para encher mais nenhuma bola, recompondo, juntando os cacos, refletindo sobre os erros e o que fazer daqui para frente.
Alcides Rosa
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